![]() BBC News | Brasil 2020-04-02 O que são os respiradores, como eles funcionam e por que eles desempenham um papel tão crítico na batalha contra o coronavírus? E quão realista é a ideia de que indústrias e até indivíduos equipados com impressoras 3D possam começar a fabricar esses dispositivos médicos vitais em poucos dias? Bombando oxigênio Os respiradores são necessários, pois estima-se que aproximadamente 5% dos pacientes com covid-19 acabem sofrendo a chamada síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). "É a resposta inflamatória excessiva (dos pulmões) à infecção, neste caso viral, por coronavírus”, explica Oriol Roca, médico associado do serviço de medicina intensiva do Hospital Vall d’Hebron, em Barcelona. "Um tipo de membrana é criada e o oxigênio não pode passar por ela, o que naturalmente causa insuficiência respiratória”, descreve o médico Ferran Morell, ex-chefe do serviço de pneumologia do mesmo hospital. "É uma condição que não tem tratamento. A única solução é colocar os pacientes em ventilação mecânica e esperar que ele tenha sorte e que seu organismo reaja”, disse ele. O respirador não é algo que cura por si só, mas permite economizar tempo para o tratamento entrar em vigor', explica o médico Oriol Roca. Segundo Oriol Roca, esses dispositivos fazem isso de duas maneiras: fornecendo ao paciente mais oxigênio do que o ar ao seu redor e trabalhando como uma bomba capaz de superar a resistência da membrana que impede sua passagem. "Em condições normais, respiramos porque nosso diafragma se contrai e deixamos entrar o ar em nossos pulmões. Mas, quando há inflamação, esse processo que, em condições normais usa muito pouca energia, torna-se muito mais difícil para o paciente e pode acabar esgotando-o”, diz o especialista do Vall d’Hebron. "Então, o que o respirador faz é empurrar o ar para dentro do paciente e também fornecer a ele não apenas ar, mas até 100% de oxigênio, ou seja, muito mais oxigênio do que respiramos normalmente”, resume. Os respiradores modernos começaram a tomar forma nos anos 50. Máquinas capazes de fazer as duas coisas começaram a ser desenvolvidas durante a epidemia de poliomielite na década de 1950. "Mas, no nível de sofisticação de hoje, os respiradores podem realizar essa função muito básica de maneiras muito diferentes e com muitas variações, o que nos permite personalizar muito bem, aos pés da cama, que tipo de respiração você precisa a qualquer momento, a partir da evolução da doença de cada paciente ", enfatiza Roca. |