Utentes das TIC no Sul de Angola clamam por serviços de qualidade nos municípios

Utentes das TIC no Sul de Angola clamam por serviços de qualidade nos municípios
INACOM News

2020-09-04


O Centro Regional de Fiscalização e Monitorização do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM) da Huíla existe há 13 anos, desde que foi criado em 2007.

Celso Madureira responde pelas acções do INACOM na Huíla e nas províncias do Cunene e Namibe onde já estão sob fiscalização mais de 200 instituições prestadoras de serviços postais e de comunicações electrónicas, desde operadoras a agentes comerciais.

Huíla é uma das 18 províncias de Angola, localizada na Região Sul do País, que tem como capital a cidade do Lubango. Com uma população de mais de 2 milhões e 800 mil habitantes e com uma extensão de 79 023 km², a província mais populosa de Angola depois de Luanda, constitui-se por 14 municípios: Caconda, Cacula, Caluquembe, Chiange, Chibia, Chicomba, Chipindo, Cuvango, Humpata, Jamba, Lubango, Matala, Quilengues e Quipungo.

A população nestes municípios é servida de serviços de comunicações electrónicas, principalmente, pelas empresas Angola Telecom, Movicel e Unitel a exemplo dos utentes nos cinco municípios do Namibe; Moçâmedes, Bibala, Virei, Camucuio e Tômbua, assim como dos municípios da Cahama, Cuanhama, Curoca, Cuvelai, Namacunde e Ombandja na província do Cunene.

Segundo Celso Madureira, é dado comum dessas populações, as reclamações que chegam ao Órgão Regulador, sobre o fraco desempenho das empresas Movicel, com o registo de constantes cortes nas comunicações e da parte da Angola Telecom que à excepção das sedes de província e nuns poucos municípios, "praticamente só tem infra-estruturas sem serviços”.

INACOM News – Como tem sido a actividade do Centro nessa fase de confinamento e distanciamento social depois de anunciados os primeiros casos de infecção por Covid-19 na Huíla?

Celso Madureira – Eu diria normal, para o "novo normal” na medida em que, na Huíla, esses casos foram anunciados numa altura em que a sociedade já estava mais preparada após meses de informação. Todas as medidas possíveis de segurança já haviam sido acauteladas, então, não impactou tanto e por outro lado, o dinamismo de trabalho para essa fase já estava criado. Na verdade, o maior impacto foi mesmo ao ser decretado estado de calamidade, posterior ao de emergência, em que houve necessidade de suspendermos todas as vistorias, viagens de trabalho e alguns projectos que estavam sendo levados a cabo. De momento continuamos a receber todo tipo de processos para licenciamentos, desalfandegamentos e também temos mais tempo para monitorar o espectro radioeléctrico. 

INACOM News – Quantos agentes comerciais e empresas de prestação de serviços de comunicações electrónicas e serviços postais estão sob controlo do Centro Regional de Fiscalização e Monitorização da Huíla ? 

Celso Madureira – Nós contamos com aproximadamente 300 agentes na região. Certo que nem todos estão licenciados pelo INACOM por motivos diversos mas temos o conhecimento da sua existência e estamos a sensibilizá-los a legalizarem de forma efectiva as suas empresas em todos os órgãos para que possam ter a licença do INACOM permitindo-os assim, de forma legal, prestar os devidos serviços e evitar constrangimentos. Acrescento aqui também que antes da pandemia do COVID-19 a procura pelo INACOM estava em ascensão vertiginosa, tudo graças ao que podemos considerar de firmamento do INACOM, que tem estado a sensibilizar as operadoras e outros provedores de serviços do ramo a não firmarem contratos com empresas ou particulares que não estejam licenciadas pelo Regulador.

INACOM News – Como tem sido a fiscalização e monitorização no Cunene e no Namibe ? 

Celso Madureira – Muito tímida ainda e apenas em zonas urbanas, devido à impossibilidade de se alcançar certas zonas por causa do mau estado das vias de acesso, algumas dificuldades na coordenação das viagens e também por falta de alguns meios adequados para se trabalhar em zonas mais remotas de formas a se constatar a qualidade dos sinais de rede das operadoras. Acredito isso ser possível em breve, pois, estão a ser criados mecanismos e dinamismos de trabalho para se alcançar essas áreas. 

INACOM News – Os sinais de rádio não respeitam fronteiras. Como estamos neste sentido na fronteira com a Namíbia ? Que soluções são idealizadas para minimizar a situação ? 

Celso Madureira – A fronteira com a Namíbia não tem sido nenhuma dor de cabeça para nós. Já tivemos, algumas vezes, conversações de formas a mitigar problemas radioeléctricos, impossíveis de não se ter em zonas fronteiriças, tais como roaming nos telemóveis, sinais televisivos, de radiodifusão e não só. De certo modo podemos dizer que a Namíbia tem sido boa parceira na resolução desses problemas. 

INACOM News – Que municípios estão abrangidos pelos serviços de fiscalização e monitorização do INACOM na Huíla, Cunene e no Namibe? 

Celso Madureira – Essa abrangência é suposto ser global, ou seja, todos os 14 municípios da Huíla, nos 6 do Cunene e nos 5 do Namibe, não existe limitações quanto a isso, quando se precisa fazer um trabalho em alguma zona dessa região, faz-se sem qualquer distinção. 

INACOM News – Como está a cobertura do sinal e respectivos serviços das empresas mais reclamadas, como a UNITEL, MOVICEL e Angola Telecom nos municípios sob vossa jurisdição? 

Celso Madureira – A UNITEL é sem sombra de dúvida a melhor em termos de qualidade e cobertura do sinal. Nessa área de jurisdição está em todos municípios e comunas das 3 províncias, sem excepção, embora com tecnologias de rede diferentes como 3 e 4G nos municípios sede e 2 e 3G na maioria. Da MOVICEL só recebemos reclamações da parte dos utentes em todos os municípios e comunas. Chega-se mesmo a ficar mais de duas ou três semanas sem rede da MOVICEL em algumas localidades onde prestam serviços. Quanto à Angola Telecom, tirando os municípios sede, nos outros, podemos dizer que só existe infra-estrutura, mas com serviços de baixa qualidade.   

INACOM News – Numa fase em que o consumo dos serviços de comunicações electrónicas se tornou imprescindível na vida da maioria dos cidadãos, que avaliação faz dos prestadores destes serviços nestas províncias? 

Celso Madureira – Num panorama real e olhando de onde viemos, eu diria que estamos a mudar para o melhor! Se calhar não no melhor passo, mas estamos a melhorar, principalmente em zonas urbanas. 

INACOM News – Num futuro a curto e médio prazos, que perspectivas para os projectos do INACOM nestas províncias? 

Celso Madureira – Temos vários projectos que perspectivam melhorias significativamente grandes no INACOM e não só. Alguns projectos vão mesmo beneficiar directa ou indirectamente os cidadãos nestas províncias e agentes prestadores de serviços. São projectos que há algum tempo vêm sendo implementados, mas sofreram um afrouxamento nessa altura do COVID-19.    

INACOM News – Quais são os principais constrangimentos e que propostas para superá-los? 

Celso Madureira – Pessoalmente creio que sejam mais condições financeiras do que outras, pois, hoje temos a moeda nacional a valer isso e no dia seguinte outra coisa, o que atrapalha todo e qualquer estudo possível. Mas nada melhor do que dar prioridades a projectos com mais relevância. Existe ainda muito a se fazer. Há projectos que se calhar são lindos mas sem grande relevância ou utilidade por agora, então, ficam para um segundo plano, e assim por diante. É esse o meu ponto de vista! 



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